Gestão híbrida exige novas habilidades dos líderes nas empresas brasileiras
Transição entre modelos presenciais e remotos muda a dinâmica das equipes e desafia gestores a adotarem ferramentas, rotinas e posturas mais colaborativas e digitais.

Com o avanço da vacinação e a reabertura gradual dos escritórios no Brasil, muitas empresas adotaram o modelo híbrido como alternativa definitiva. A combinação entre o trabalho presencial e remoto se tornou a nova realidade para milhares de organizações. No entanto, esse formato tem imposto um novo conjunto de desafios para líderes e gestores que ainda buscam encontrar o equilíbrio ideal entre performance, cultura organizacional e bem-estar das equipes.
Segundo estudo da consultoria Great Place to Work divulgado em janeiro de 2024, 64% dos líderes brasileiros ainda se sentem despreparados para gerir equipes híbridas. Os principais pontos de dificuldade são a manutenção do engajamento dos colaboradores, a comunicação eficaz e o alinhamento de metas em ambientes descentralizados.
Para o especialista em tecnologia e gestão de equipes digitais, Daniel Parra Moreno, fundador da DPARRA Soluções em Tecnologia, o problema está mais relacionado à mentalidade do que às ferramentas. “As empresas investem em softwares, mas esquecem que a chave da gestão híbrida está na clareza dos processos, na confiança mútua e na disciplina da liderança. Sem isso, mesmo com a melhor tecnologia, o modelo desmorona”, aponta.
Com mais de 15 anos de experiência à frente de equipes técnicas e comerciais, Daniel teve papel crucial durante a pandemia ao implementar soluções que viabilizaram operações 100% remotas com alto desempenho. Um dos marcos desse período foi o projeto realizado com a Rebal Comercial, que contou com a criação de um Centro de Processamento de Dados (CPD) robusto e políticas digitais que permitiram à empresa manter suas atividades ininterruptas entre 2020 e 2021.
ENTREVISTA: Liderança adaptativa e resultados consistentes
Jornalista: O que muda para o líder no modelo híbrido?
Daniel Parra Moreno: Muda tudo. O líder precisa ser menos controlador e mais inspirador. No modelo híbrido, você não pode se basear no “olho no olho” para medir produtividade. Você precisa criar uma cultura de responsabilidade, estabelecer métricas claras e confiar na equipe. Isso exige uma mudança profunda de postura.
Jornalista: Qual o erro mais comum que você observa em empresas que tentam implantar o modelo híbrido?
Daniel: Achar que basta liberar o home office e manter o resto igual. A empresa precisa redesenhar rotinas, criar canais de comunicação eficientes e investir na autonomia dos colaboradores. Sem isso, o híbrido vira um caos.
Jornalista: Que conselho você daria para gestores que estão enfrentando dificuldades nesse processo?
Daniel: Comece pequeno. Estabeleça processos-piloto, escute o time, ajuste constantemente e, acima de tudo, prepare-se. O líder do futuro não é o que mais sabe, mas o que mais aprende e se adapta.
Conclusão
A gestão híbrida não é uma tendência passageira, mas uma nova competência exigida pelo mercado. Empresas que conseguirem adaptar seus modelos de liderança, processos e cultura a esse novo cenário estarão mais preparadas para inovar, reter talentos e crescer de forma sustentável. E, como reforça Daniel Parra Moreno, "tecnologia é meio — o fim é sempre o ser humano."
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