Em meio a um cenário de volatilidade econômica, mudanças rápidas no mercado e desafios operacionais constantes, uma pergunta ronda empresários de todos os setores: o que faz algumas empresas crescerem, enquanto tantas outras não conseguem sobreviver?

Para Thiago Moreno, empresário, estrategista e especialista em liderança empresarial, a resposta está na qualidade da gestão e, sobretudo, na capacidade de tomar decisões com visão de longo prazo, mesmo em cenários de incerteza.

“Empresas não quebram apenas por problemas financeiros. Elas quebram, na maioria das vezes, pela falta de gestão, pela incapacidade de olhar para o negócio de forma estratégica e por decisões tomadas sem critério, sem dados e sem método”, afirma Thiago.

Liderança Estratégica: O Fator Determinante

Thiago Moreno defende que o que diferencia um empresário comum de um líder estratégico é a capacidade de:

• Analisar cenários de forma objetiva;

• Antecipar problemas e oportunidades;

• Tomar decisões baseadas em dados, e não em emoções;

• Manter a empresa alinhada com seu propósito, mesmo em contextos adversos.

“Nos negócios, a crise não é uma hipótese. Ela é uma certeza em algum momento do ciclo empresarial. E quem não se prepara para isso, seja com processos bem definidos, seja com gestão financeira sólida, coloca seu negócio na linha de risco o tempo todo”, reforça.

O Erro de Quem Vem de Carreira Técnica

Muitos dos novos empresários brasileiros vêm de carreiras técnicas — advogados, engenheiros, profissionais liberais, executivos e ex-servidores públicos. Segundo Thiago, este público possui uma formação extremamente rica, porém, muitas vezes, carregam uma mentalidade que funciona bem no ambiente técnico, mas não no mundo dos negócios.

“Existe uma diferença muito grande entre saber executar e saber liderar uma empresa. Quem vem do mundo técnico, geralmente, tenta resolver os desafios empresariais como se fossem problemas operacionais, quando, na verdade, são desafios de gestão, de liderança e de visão estratégica”, explica.

Tomada de Decisão em Ambientes de Incerteza

Quando questionado sobre como um empresário deve se posicionar em momentos de instabilidade, Thiago é direto: “Decisão sem dados é chute. E chute, no ambiente empresarial, custa caro.”

Ele afirma que a tomada de decisão, especialmente em cenários incertos, precisa ser baseada em três pilares:

1. Análise financeira rigorosa: entender fluxo de caixa, margens, custos fixos e variáveis, e capacidade de endividamento.

2. Gestão de riscos: mapear cenários, entender onde estão as vulnerabilidades e como mitigá-las.

3. Visão de mercado: acompanhar tendências, comportamento do consumidor, movimentações dos concorrentes e dados macroeconômicos.

“A intuição tem seu espaço, mas ela precisa estar conectada à realidade dos números. E, principalmente, precisa ser respaldada por uma estratégia clara”, destaca.

Desenvolvendo uma Visão Empresarial Estruturada

Outro ponto abordado por Thiago na entrevista é o desenvolvimento da visão empresarial. Para ele, é exatamente isso que falta na maioria das pequenas e médias empresas brasileiras.

“É muito comum ver empresários operando o negócio no dia a dia, completamente mergulhados na operação, sem conseguir se distanciar para olhar o negócio de fora”, explica.

Ele orienta que todo empresário deve reservar tempo, semanalmente, para se desconectar da operação e se conectar com o estratégico. Isso envolve:

• Revisão de indicadores;

• Análise de desempenho da equipe e dos processos;

• Estudo de mercado e da concorrência;

• Planejamento de curto, médio e longo prazo.

“Se você não olha para o futuro do seu negócio, ninguém mais vai olhar. E, se não olha, ele não tem futuro”, sentencia.

Ao longo da conversa, Thiago reforça um conceito que tem pautado sua própria trajetória como empresário: não existem empresas fortes sem líderes fortes.

Ele destaca que, em tempos de incerteza, liderar com clareza, responsabilidade e visão é o que separa os empresários que prosperam daqueles que se perdem no caminho.

E finaliza: “A diferença entre quem cresce e quem quebra está na disposição de assumir, de fato, o papel de líder. Isso significa parar de ser apenas um executor e passar a ser alguém que pensa o negócio como um ativo, como um projeto de longo prazo, e não como uma simples fonte de renda.”