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São Paulo,02/07/2025

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Coração distraído também aprende: o poder da educação emocional no avanço de alunos com TDAH

Mais do que déficit de atenção, o TDAH carrega um excesso de sentimentos não compreendidos. Ao incorporar o desenvolvimento socioemocional, escolas têm promovido avanços reais em concentração, autocontrole e desempenho de estudantes com o transtorno.

AG News
Coração distraído também aprende: o poder da educação emocional no avanço de alunos com TDAH Reprodução

Em salas de aula movimentadas, cheias de estímulos e cobranças por desempenho, estudantes com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) costumam ser rotulados como desatentos, impulsivos ou “difíceis”. Mas por trás da inquietação visível, há uma batalha silenciosa: a de lidar com emoções intensas e, muitas vezes, mal compreendidas.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 5% das crianças brasileiras em idade escolar são diagnosticadas com TDAH. Dessas, uma parcela significativa enfrenta dificuldades de adaptação escolar não apenas pelos sintomas clínicos, mas pela falta de estratégias emocionais no ambiente educacional.

“A escola ainda tenta conter o comportamento antes de compreender a emoção que o alimenta”, afirma Renata Dutra, especialista em aprendizagem emocional e orientadora educacional com mais de duas décadas de atuação em escolas paulistas. Entre 2018 e 2021, Renata coordenou o Projeto Aletheia, iniciativa pioneira de apoio emocional e acadêmico contínuo em instituições como o Liceu Albert Sabin, em Ribeirão Preto.

O projeto estruturou intervenções específicas para alunos com TDAH, integrando desenvolvimento emocional ao cotidiano escolar. “O erro está em tentar forçar o aluno com TDAH a se encaixar em um modelo rígido, sem antes construir com ele um caminho de regulação emocional”, explica.

A abordagem proposta por Renata inclui rodas de escuta, técnicas de respiração consciente, planejamento de rotina com suporte afetivo e intervenções com mediação de conflitos. Os resultados têm sido expressivos: alunos diagnosticados passaram a demonstrar melhor foco, controle de impulsos, maior participação em grupo e recuperação da autoestima acadêmica.

O Projeto Aletheia, segundo dados internos divulgados em encontros educacionais, acompanhou centenas de estudantes entre 2018 e 2022, incluindo aqueles com transtornos de aprendizagem como TDAH e dislexia. A atuação foi fortalecida pelo envolvimento com o grupo CORESA — coletivo estudantil que promovia acolhimento e protagonismo de alunos com dificuldades cognitivas.

“Quando o aluno com TDAH entende o que sente, ele ganha uma chave que muda tudo: a do autocuidado. Ele deixa de se ver como ‘errado’ e começa a se perceber como alguém que aprende diferente — e com potência”, ressalta Renata.

Ela destaca que a proposta não substitui tratamentos clínicos, mas amplifica sua efetividade ao tornar o ambiente escolar emocionalmente seguro. “Investir em educação emocional não é luxo. É uma urgência pedagógica. É isso que previne fracasso escolar, conflitos e evasão”, conclui.

No momento em que o número de diagnósticos aumenta — e com eles os desafios —, a pergunta que fica é: quantas crianças brilhantes ainda vamos perder para o rótulo, antes de enxergar a pessoa que há por trás do comportamento?







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