Tecnologia e engenharia humanizada transformam a experiência do paciente em novos hospitais brasileiros
Ambientes projetados com foco em bem-estar e eficiência estão mudando o padrão das unidades de saúde no país.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado uma mudança significativa no padrão de projetos hospitalares. De estruturas frias e exclusivamente funcionais, as novas unidades de saúde passam a incorporar elementos tecnológicos e soluções de engenharia humanizada, que priorizam não apenas a eficiência operacional, mas também o conforto, a dignidade e a recuperação mais rápida dos pacientes. A transformação tem sido impulsionada por profissionais que compreendem que projetar um hospital é, antes de tudo, projetar cuidado.
Um desses profissionais é Leandro Silveira de Macedo, engenheiro eletricista e diretor da Miltec Engenharia. Com quase duas décadas de atuação no setor, ele tem se consolidado como referência nacional em obras hospitalares que integram tecnologia, segurança e bem-estar. Ao longo de sua trajetória, Leandro liderou dezenas de projetos e readequações técnicas em clínicas e hospitais, aplicando conceitos que vão muito além da construção civil tradicional.
Leandro Silveira de Macedo.
“A estrutura física de um hospital influencia diretamente na forma como o paciente é cuidado e como os profissionais atuam. Se o ambiente é desconfortável, ruidoso, mal iluminado ou com fluxos confusos, isso impacta na recuperação, aumenta o estresse e prejudica o atendimento”, explica o engenheiro. “Por isso, o projeto precisa ir além das plantas e cumprir uma função terapêutica também.”
Para Leandro, três pilares vêm guiando as transformações mais recentes: tecnologia, funcionalidade e ambiência humanizada. Ele destaca que sistemas de automação predial, controle inteligente de iluminação e climatização, sensores de presença e comunicação digital integrada já são realidade em obras bem conduzidas. “Esses recursos otimizam o trabalho das equipes e ampliam a sensação de segurança e autonomia do paciente. Em muitos projetos, conseguimos reduzir em até 40% o número de deslocamentos desnecessários dentro da unidade, apenas organizando melhor os fluxos e integrando sistemas”, afirma.
Mas a inovação, segundo ele, não se resume à tecnologia visível. “É preciso projetar pensando em materiais com absorção acústica, iluminação natural nos quartos, ventilação cruzada onde possível e circulação de profissionais de forma independente dos acompanhantes. Tudo isso faz diferença. Engenharia hospitalar não pode ser feita de forma genérica”, defende.
A lógica do bem-estar também tem se refletido nas decisões estéticas e espaciais. Ambientes com cores mais suaves, espaços para acompanhantes com ergonomia adequada, jardins internos e corredores mais largos têm se tornado padrão nos projetos mais atualizados. “A ambiência hospitalar precisa oferecer acolhimento sem perder a funcionalidade técnica. E isso exige conhecimento específico, planejamento detalhado e escuta ativa dos profissionais da saúde envolvidos na rotina da unidade”, reforça.
Questionado sobre os principais erros ainda cometidos em projetos tradicionais, Leandro é direto: “Muitas vezes, se copia o modelo de outros prédios, sem considerar as particularidades do hospital. Isso leva à repetição de falhas como salas técnicas superdimensionadas ou subutilizadas, corredores com cruzamento de fluxos e salas sem controle de contaminação. O projeto precisa nascer com propósito claro, e cada detalhe técnico deve estar a serviço da saúde.”
Para 2025, a tendência é que as exigências técnicas de certificações ambientais, de bem-estar e de controle sanitário ampliem ainda mais a necessidade de profissionais com formação específica na área hospitalar. “As obras de saúde vão exigir cada vez mais especialização. E isso é positivo, porque eleva o padrão técnico e melhora a entrega final à população”, conclui Leandro.
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