O avanço da odontologia digital não tem gerado impacto apenas dentro dos consultórios. Um levantamento da Healthtech Market Insights 2025 aponta que o segmento odontológico é um dos que mais contribuem para o crescimento econômico do setor de saúde na América Latina, com expansão média anual de 12,4%, impulsionada pelo investimento em tecnologias de diagnóstico e manufatura digital.

No Brasil, o movimento já reflete em dados concretos: estima-se que a digitalização dos fluxos clínicos tenha gerado mais de 6 mil novos empregos diretos e indiretos nos últimos três anos, entre técnicos de impressão 3D, designers CAD e especialistas em manutenção de equipamentos odontológicos. Além disso, o mercado de equipamentos digitais odontológicos movimentou R$ 1,2 bilhão em 2024, segundo o relatório da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria Médica, Odontológica e Hospitalar).

O cirurgião-dentista e especialista em prótese digital Dr. Fábio Deluiz de Oliveira explica que a inovação tecnológica na odontologia tem efeito multiplicador sobre toda a cadeia produtiva. “Quando uma clínica investe em fluxo digital, não está apenas modernizando o atendimento. Ela estimula a indústria nacional de equipamentos, movimenta laboratórios parceiros, cria demanda por cursos e capacitação, e eleva o padrão técnico do mercado”, afirma.

Segundo ele, esse ciclo virtuoso de inovação é um diferencial estratégico para o Brasil. “Temos um mercado interno robusto, profissionais capacitados e pacientes cada vez mais informados. A odontologia digital tem capacidade de posicionar o país como referência regional em tecnologia aplicada à saúde bucal”, observa.

De acordo com dados da consultoria KPMG Health 2025, clínicas que migraram para o fluxo digital integral reportaram crescimento médio de 28% na receita anual em comparação com as que ainda operam em modelo tradicional. A redução de custos operacionais, o aumento da produtividade e a fidelização de pacientes são os principais fatores que explicam essa curva de expansão.

O Dr. Deluiz ressalta que esse crescimento traz também um desafio: formar profissionais preparados para operar os novos sistemas. “A tecnologia cria oportunidades, mas exige qualificação. Hoje, um técnico que domina scanner, CAD e impressão 3D tem um campo de atuação muito mais amplo e valorizado. Isso muda o perfil da mão de obra na odontologia”, destaca.

A expansão digital, além de gerar empregos, impulsiona novas parcerias entre clínicas, universidades e empresas de tecnologia. “As fronteiras entre ensino, indústria e prática clínica estão se tornando mais fluidas. A troca de conhecimento é mais rápida, e isso acelera a inovação”, explica o especialista.

O impacto também é perceptível no comportamento do paciente. “A expectativa mudou. As pessoas buscam soluções rápidas, seguras e tecnologicamente avançadas. Essa exigência forçou o setor a se modernizar, e isso beneficiou toda a cadeia, desde fabricantes até profissionais de ponta”, diz Deluiz.

Com o amadurecimento do mercado, cresce o número de clínicas que veem a inovação não apenas como diferencial, mas como modelo de negócio. O especialista observa que “quem entende que a odontologia digital é uma estratégia de valor e não apenas uma ferramenta, conquista sustentabilidade, visibilidade e crescimento contínuo”.

A odontologia digital deixou de ser apenas uma revolução técnica e passou a ser um motor econômico relevante para o setor de saúde.