Engenharia e sustentabilidade: a nova fronteira da competitividade global
Especialistas defendem que o futuro das empresas passa por soluções técnicas que conciliem automação, energia limpa e impacto ambiental positivo.
Reprodução O mundo empresarial está vivendo uma virada histórica. Sustentabilidade e eficiência deixaram de ser conceitos periféricos e passaram a ocupar o centro das estratégias de competitividade global. Em todos os setores, empresas que combinam automação inteligente, gestão energética e responsabilidade ambiental estão conquistando espaço nos mercados internacionais.
No Brasil, essa tendência tem ganhado força com o avanço de tecnologias acessíveis e a crescente valorização de práticas ESG. Para compreender o impacto técnico e econômico dessa transformação, a reportagem conversou com o engenheiro e especialista em automação e sustentabilidade industrial Michel de Oliveira Barboza.
Michel explica que a automação e a sustentabilidade são hoje faces de uma mesma moeda. Segundo ele, “a indústria que ainda enxerga automação apenas como aumento de produtividade está atrasada. A verdadeira revolução é quando tecnologia e consciência ambiental caminham juntas.”
Ele destaca que os projetos industriais mais avançados já nascem integrando automação, sensores inteligentes, reaproveitamento de energia e controle de emissões. “A engenharia atual permite que máquinas aprendam com os próprios dados e ajustem processos para consumir menos e produzir mais. Isso é eficiência, mas também é responsabilidade.”
Relatórios recentes confirmam a relevância dessa visão. De acordo com a International Energy Agency (IEA), soluções tecnológicas aplicadas à eficiência energética podem reduzir até 40% das emissões industriais globais até 2030, um dado que reforça o papel do engenheiro como protagonista da transição para economias de baixo carbono.
O avanço de políticas ambientais e a pressão dos consumidores por transparência têm levado empresas a reavaliar suas cadeias produtivas. Nesse novo cenário, ele observa que “a engenharia passou a ser um diferencial competitivo. Ela não está mais restrita ao chão de fábrica, mas faz parte da estratégia global da empresa.”
Apesar do potencial de crescimento, o caminho rumo à sustentabilidade plena ainda exige planejamento e mudança cultural. Michel pontua que muitos parques industriais brasileiros operam com infraestrutura antiga, o que torna necessária uma transição gradual.
“Nem sempre é possível substituir tudo de uma vez. Mas é viável começar por etapas: automatizar sistemas críticos, reduzir o consumo de energia, instalar sensores e criar uma cultura de monitoramento. Sustentabilidade é um processo contínuo, não uma ação pontual”, explica.
Além da questão técnica, o especialista destaca a importância da capacitação das equipes. “A melhor tecnologia do mundo não gera resultado se as pessoas não entenderem como utilizá-la de forma eficiente. O conhecimento técnico precisa caminhar junto com o propósito.”
Com abundância de recursos naturais e um mercado industrial em expansão, o Brasil tem condições de se destacar na nova economia verde. No entanto, ele ressalta que é necessário acelerar investimentos em inovação, automação e eficiência energética.
“Temos capital humano e recursos para sermos referência. Falta apenas consolidar políticas de incentivo e ampliar a cultura de inovação nas empresas. A engenharia brasileira tem enorme potencial para contribuir com o equilíbrio entre produção e sustentabilidade.”
Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as empresas que adotam programas de eficiência energética registram reduções médias de 20% nos custos de operação e 30% nas emissões de carbono, mostrando que sustentabilidade também é rentabilidade.
O engenheiro do século XXI precisa pensar além das máquinas. Precisa compreender que tecnologia, energia e meio ambiente são partes interdependentes do mesmo sistema.






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